Livro: A morte é um dia que vale a pena viver. E um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida

Eu li esse livro, muito curioso na verdade. Baixei a amostra no Kindle e fui pega por uma leitura divertida e muito verdadeira sobre a ÚNICA certeza que temos na vida inteira. A morte.

Pois é, como eu cheguei nele? Toda vez que vejo uma recomendação de livro, acesso a Amazon na hora, busco o e-book e adiciono como amostra, assim nunca esqueço de uma boa recomendação.

Quando estava na busca de uma dessas recomendações, me deparei com esse livro que tem 1.774 avaliações com 5 estrelas (nov/2020). Fiquei curiosíssima, além do tema completamente diferente.

Na mesma hora que baixei a amostra com poucas palavras já me pegou pelo pé. Não diria que é um olhar mórbido porque é uma realidade, então, se a gente passar por essa primeira impressão, vemos um livro lindo! Nunca falamos e lidamos tão de perto com a morte como no último ano.

Ele é escrito por uma médica que tem um olhar diferente sobre as coisas, “eu vejo as coisas de um jeito que a maioria não se permite ver”. Quase uma QA! rss. Ela é incomodada desde a faculdade do porquê os médicos só cuidarem das pessoas em vida e depois de tentarem tudo pela pessoa, simplesmente as deixam morrer. Porquê? Ela é especialista em cuidados paliativos. Mas tem uma visão de SER humano incrível.

No livro diz que quando uma pessoa se depara com a morte, é como se fosse uma muralha da China, um muro bem alto, que não dá pra escalar e nem dar a volta. Então é quando o ser humano se revela humano, quando não tem mais tempo e nem escolha e se mostra da melhor forma. A conta…, o ponto final é consigo mesmo, naquele momento.

Tem inúmeros ensinamentos pra vida nesse livro, mas um em especial me chamou atenção e me fez refletir em vários aspectos. Ela diz que “O ser humano é a única espécie na Terra que é definida por um verbo. Vaca é vaca, boi é boi, borboleta é borboleta, mar SER humano, só nós.”

E onde quero chegar com isso? Dá pra pensar em diversos assuntos que a parte SER humano precisa ser melhorada. Que tal pensarmos em alguns dos assuntos que nos rodeiam?

SER uma pessoa QA demanda uma parte muito mais humana do que técnica. Tudo bem que hoje isso está bem mais equilibrado e quanto mais parte técnica, mais se aproxima do DevQA. Mesmo assim, o QA é a pessoa que precisa construir relações de confiança o tempo inteiro. Apresentar problemas não é bacana nem para a pessoa QA e nem para quem vai consertar, afinal todos estamos trabalhando para o cliente e não queremos que ele veja um problema. Que tal invés de usar aquela cor vermelha para mostrar um problema, usar uma laranja/verde? Não rir do bug “alheio”, contar vantagem ou quantos bugs foram sinalizados? E se formos gentis e perguntar primeiro sobre um possível bug, mas que ainda não temos certeza? Invés de criar diversos artefatos para “demonstrar nosso trabalho”. Na verdade é usar aquela empatia que a gente tem com o cliente para com o time.

SER uma pessoa Agilista, Scrum Master/Agile Coach, requer que todos se entendam como time e trabalhem bem com isso, fazendo entregas cada vez mais rápidas e eficazes. Isso dá um trabalhão e envolve muitas variáveis e principalmente PESSOAS! Ser às vezes a Pessoa que às vezes chama o time para a realidade, não é bacana, só é necessário. Que tal parar um pouco para pensar que um Scrum Master não é só para remover impedimentos? Entender que cada métrica é para ajudar o próprio time a superar seus desafios? E que tem uma pessoa super bacana pra nos ajudar a melhorar nossas próprias métricas? Que tal participar direitinho das retros? Isso ajuda a melhorar as PESSOAS do time, consequentemente eu, você. Entender a metodologia, os artefatos utilizados, como eles se relacionam, tudo isso tem impacto na métrica do time. Entender que quanto mais a gente conversa, mais a gente se entende, pelo menos, deveria! Ah, que também não é uma secretária, é um membro do time!

SER uma pessoa Desenvolvedora requer muita habilidade técnica e isso significa estudar pra sempre, tem noção do peso disso? Ah, e ainda existe uma pessoa ali embaixo dessa bagagem toda. Que tal entender que um bug não se reproduz sozinho e que é preciso especificar direitinho como ele aconteceu. E que comunicação é bem-vinda, só precisa ser pragmática.

SER uma pessoa PO requer conhecimento do que é valor para o Cliente, sobre o Produto, uma boa visão de mercado, ter uma ótima comunicação tanto com o cliente quanto com o time, ter um backlog atualizado e priorizado, entre outras zilhões de coisas. Que tal ajudar o PO no entendimento do negócio, na priorização do backlog com aquela nossa visão holística linda!

SER um Recurso Humano, soa estranho né? É um discurso que não se encaixa com PESSOAS HUMANAS. Eu costumo dizer que toda vez que alguém usa a palavra recurso para se referir a uma PESSOA, um Mickey morre. Já fui e continuo indo a muitos enterros.

Feedback é uma forma bem bacana de ajudar um SER humano. Mas ele precisa acima de tudo SER humano, cuidadoso, assertivo. Um feedback pode impulsionar ou destruir uma pessoa, já pensou nisso? Precisamos parar de ignorar que o que falamos e fazemos não atinge o outro.

Um bom exemplo é o feedback de empresas para candidatos a vaga. Ter um feedback qualquer ainda é melhor do que a ausência de feedback. Mas que tal aproveitar a oportunidade do contato com a sua empresa e ajudar uma pessoa a encontrar o seu caminho? Existe esperança atrás daquela pessoa, ansiedade, incertezas, dúvidas, vidas, boletos. É desumano não ter um feedback adequado em um momento tão delicado.

Certa vez recebi o feedback do gestor do time de uma vaga que não passei. Me indicou livros e o que eu precisava estudar para concorrer aquela vaga novamente. Achei muito simpático. De fato, na minha cabeça eu era júnior concorrendo a qualquer vaga de QA. Mas na verdade eu era júnior concorrendo a uma vaga de pleno. Foi a única vez que recebi um feedback.

Vamos aproveitar as iterações que fazemos diariamente e entregarmos a nossa melhor versão de SER humano. É uma batalha diária, mas coloca aquele post-it no seu computador para lembrar de SER melhor a cada dia, consigo e com o outro.

Referência do livro: A morte é um dia que vale a pena viver. E um excelente motivo para se buscar um novo olhar para a vida.

Publicado por Katiana Maia

Katiana Maia é QA desde pequena, só não sabia disso. Em 2015 entrou de cabeça na área e mergulhou de vez. É multiplicadora da cultura da qualidade e testes e gosta de ajudar as pessoas a entenderem o valor deles. Já palestrou em eventos como o TDC em SP e o DevOps Summit Brasil na Microsoft. É coordenadora do Meetup GaroaQA Rio que colabora com a comunidade para uma troca de experiências reais. Apaixonada pela história do Walt Disney e a cultura de excelência que se mantém até hoje.

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